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Confira 9 passos antes de criar um e-commerce

Fonte: O Estado de S.Paulo
08/01/2021
Contábil

Sem dúvida nenhuma o e-commerce foi o setor que mais se destacou nos últimos meses. Em março, por exemplo, segundo dados da ABComm, surgiram 80 mil novas lojas virtuais. Em abril, houve um aumento de 47% de pedidos online e entre março e abril, foram 25 milhões de pedidos em 4 mil lojas virtuais. Já o número de clientes com pelo menos uma compra online subiu para 1 milhão.

O Mercado Livre, por exemplo, adquiriu 5 milhões de novos clientes entre 24 de fevereiro e 3 de maio, obtendo um crescimento de 45% em relação ao mesmo período no ano passado. Esses números atraíram muitos empreendedores para o mercado digital e com isso muitas dúvidas e problemas também surgiram.

Alguns acabaram entrando no e-commerce por necessidade, pois foi a única solução para manter a empresa no período de pandemia, outros colocaram em prática um projeto que estava previsto para o futuro. Um ponto incomum entre a maioria dos empreendedores dos dois casos anteriores é que pontos básicos não foram levados em consideração e as consequências desse “atropelo” podem trazer grandes problemas. É preciso analisar algumas questões antes de começar.

Confira 9 pontos para criar um e-commerce:

1. Marca

É comum entre os empreendedores não fazer a pesquisa sobre o registro da marca no INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial) e simplesmente constroem toda a sua presença digital com um nome de outra empresa. Já vimos inúmeros casos desses que poderiam ser evitados com uma simples pesquisa no banco de dados do próprio INPI.

Pense no trabalho que dará ter que refazer toda a mudança de logo, identidade e comunicação com o cliente, sem contar na indenização para o proprietário da marca. Usar uma marca única e registrá-la garante que você não terá surpresas desagradáveis. Esse deve ser o primeiro passo para o empreendedor entrar no comercio eletrônico, uma vez que uma mudança de nome e domínio pode prejudicar muito a visibilidade para esse novo negócio.

Vale a pena lembrar que o registro da marca não impede que outra pessoa ou empresa possa adquirir esse nome para usar em um domínio junto ao registro.br, mas vou falar disso no próximo item.

2. Domínio

Um dos itens mais importantes nessa fase inicial para que o nome e-commerce seja encontrado pelos mecanismos de busca, uma vez que o novo site ainda não tem relevância suficiente para ser encontrado de forma orgânica. Aqui tenho duas considerações importantes para a escolha do domínio. Pensando no item anterior, vale uma boa pesquisa sobre o registro da marca e, claro, do domínio que é feito em outro lugar e totalmente independente. No site do registro.br, o empreendedor pode pesquisar sobre a disponibilidade do uso do nome escolhido e até mesmo quem é o proprietário do registro.

As diversas terminações do domínio como .art,blog,ind e outros diversos são utilizadas para fins específicos como por exemplo. www……….gov.br destinado a órgãos governamentais. Essa variedade traz um grande problema para o empreendedor quando o mesmo não realiza as pesquisas antes de comprar um domínio. Em muitos casos ocorre de já ter uma empresa usando o domínio desejado e como tudo já foi feito, menos o domínio, o empreendedor começa a usar os finais mais genéricos como por exemplo: www.xxxxxxxx.net.br.

Pensando que estamos no Brasil e o mais comum aqui é o .com.br o cliente estará mais tendencioso a buscar por esse item nos mecanismos de busca, que por sua vez podem mostrar um concorrente. Outro fato comum e que na indisponibilidade de usar o .com.br o empreendedor opte por adquirir um domínio internacional com final .com. O mais indicado é que antes de adquirir um domínio o empreendedor possa fazer uma pesquisa sobre o uso da marca, disponibilidade do domínio com final .com.br e se possível também comprar o final .com.

Dessa forma, fica segura de que somente ele poderá usar esse nome para comercializar na web e ser encontrado. Mais para frente vamos falar sobre as redes sociais e o uso desses nomes.

3. Logotipo e imagens

Esse é mais um fator importante da empresa, pois irá representar de forma gráfica a marca. Há diversos estudos e inúmeros profissionais que desenvolvem a logomarca, porém alguns detalhes importantes sobre esse item devem ser levados em consideração. O primeiro deles é o registro. Assim como a marca pode ser registrada, o logotipo também, ambos são feitos no INPI.

Fato é que a maioria das empresas não registra seu logotipo e já vimos por aí diversas empresas com a mesma logomarca que fora adquirida em sites de construção de logo ou ainda foram pegas de banco de imagens. Já tivemos relatos de até mesmo perfis de rede social que utilizaram foto de pessoas e transformaram em personagens. Isso rendeu um processo e indenização para o dono da imagem.

Vale a pena lembrar que, segundo nossa Constituição Federal no artigo 5º, X e XXVIII, o direito de imagem, consagrado e protegido pela Constituição Federal da República de 1988 e pelo Código Civil Nacional de 2002 como um direito de personalidade autônomo, se trata da projeção da personalidade física da pessoa, incluindo os traços fisionômicos, o corpo, atitudes, gestos, sorrisos, indumentárias, etc.

Ou seja, não se pode simplesmente pegar uma imagem da internet e sair usando, para isso temos banco de imagem gratuitos para uso comercial, onde podemos usar além das imagens, as ilustrações e vídeos. Lembrando que possivelmente veremos essas imagens em outros sites, mas é uma boa opção para quem está começando e ainda não tem muitos recursos disponíveis para investimento.

4. SEO (Search Engine Optimization)

Uma série de técnicas utilizadas para posicionar as páginas de um site nos primeiros resultados dos buscadores. Está aqui o grande segredo para um bom posicionamento do novo e-commerce. Muitas pessoas são iludidas de que no dia posterior a criação da página a mesma já estará disponível no topo dos buscadores. Isso é construído aos poucos e pode levar até 90 dias com uma combinação de diversos fatores. Algumas dicas de SEO para que seu e-commerce esteja no topo dos buscadores.

A primeira dica vou falar sobre renomear a figuras, quando tiramos uma foto com uma máquina ou celular essa imagem é salva com uma série de códigos que não conseguem indicar que aquela imagem se refere ao nosso produto, assim uma boa dica é renomear todas as imagens antes de inserir no e-commerce, inclusive logo da empresa, redes sociais, etc.

É muito comum ficar com o mouse posicionado em cima da imagem e aparecer todos esses códigos como nome da imagem. Pense da seguinte forma: um cliente pode digitar o nome do produto e, em vez de querer receber o resultado de endereços de sites, optar por imagens. Uma vez que a imagem não esteja renomeada, ela não será mostrada. Outra dica está relacionada a inserção das palavras chaves ou termos de busca. Chegou a hora do empreendedor pensar como o cliente pensa. Uma boa dica: se você fosse procurar por esse produto no site de buscas, como faria? Que outros nomes esse produto pode ter? Escreva o nome do produto + a expressão perto de mim, pois as pessoas buscam assim nos mecanismos.

Não posso deixar de falar aqui na criação de conteúdo. A utilização de uma determinada palavra-chave em seu conteúdo facilita as chances de que o Google exiba sua página como resultado para quem busca aquela palavra. Nada de sair copiando artigos de sites e colocar no seu blog, isso não é nada bom, além de implicações legais, o próprio Google penaliza não mostrando esse conteúdo.

Ficaríamos horas falando aqui sobre SEO, mas por ser um assunto bem amplo e com diversas técnicas, sugiro que contrate um bom profissional para fazer o SEO do seu e-commerce lembrando que ele estará presente em todas as páginas, produtos, categorias, etc. Cada página com uma descrição diferente, palavras chaves e por aí vai. Caso você opte por fazer o SEO sozinho use algumas ferramentas para te ajudar nisso.

5. Plataforma

Essa é uma das maiores dúvidas para montar um e-commerce, mas afinal qual plataforma escolher? Temos diversas plataformas disponíveis hoje no mercado com modelos de negócios diferentes. Vou citar algumas ferramentas básicas que devem fazer parte da plataforma.

VERSÃO MOBILE: a maior parte dos acessos hoje são feitos via celular, assim é requisito básico.

CHECKOUT TRANSPARENTE: ferramenta que faz com o pagamento seja finalizado no próprio ambiente da sua loja, sem redirecionamento para sites terceiros.

CARRINHO ABANDONADO: ferramenta que interage com o cliente de forma automática quando o mesmo não finaliza a compra do produto.

COMENTÁRIOS NO PRODUTO: avaliação do produto pelo comprador, isso pode ser muito bom para as vendas, uma vez que compramos as coisas baseados na opinião de outros usuários. Isso pode ser um impulsionador da compra.

CUPONS DE DESCONTO: Ofereça benefícios em sua loja. Crie cupons de desconto de um jeito simples e personalizado.

CAPTAÇÃO DE E-MAILS: Amplie a sua base de contatos ao saber o melhor momento de solicitar o e-mail dos visitantes. Além dessas ferramentas, pontos importantes devem ser observados em relação a própria ferramenta, são eles: definir categorias de produtos, personalização de produtos por página, promoções e descontos, suporte a vários tipos de processamentos de pagamentos e claro possibilidade de configurar o SEO da loja.

Não há como definir qual é a melhor plataforma, isso depende de vários fatores e, claro, do gosto e habilidade de cada um. Vale dar uma boa olhada no índice de reclamação de cada plataforma e quais as principais reclamações, além do custo e do número de produtos em cada plano.

6. Logística

Um dos principais gargalos do e-commerce é a logística que, na maioria das vezes, depende do serviço dos Correios que tem suas limitações e particularidades. Contamos hoje com diversas opções de logística para e-commerce que devem ser integrados na plataforma (fator importante para escolher a plataforma).

Sempre indico que todo e-commerce tenha mais de uma forma de logística aos tradicionais Correios e mais uma transportadora, que na eventual falha de uma, a outra já entre em operação imediatamente sem comprometer o envio para o cliente. Lembrando que o controle de estoque é fundamental pra um bom funcionamento da logística, o emprego do software ERP para essa gestão e outras integrações é muito importante.

7. Meios de pagamento

O mercado tem diversas boas soluções, que, em geral, se integram sem problema às melhores plataformas de e-commerce. Um fator importante para esse item é o valor da taxa cobrada por cada serviço e o prazo de pagamento. Dependendo do caso, será necessário um emprego maior do capital de giro da empresa.

É bom contratar serviço de análise de risco e prevenção de fraudes, para analisar os comportamentos e criar processos que evitem fraudes e chargeback. Da mesma forma que o mercado digital cresceu, o numero de fraudes também, e dessa forma, se torna indispensável.

8. Legislação

A legislação do e-commerce é composta, principalmente do Código de Defesa do Consumidor (CDC), e o Decreto nº 7.962/2013. Muitos empreendedores se esquecem dos aspectos legais do e-commerce. Há diversas ações necessárias para estar em conformidade com a legislação e um dos principais erros dos empreendedores iniciais é o verdadeiro copiar e colar de grandes empresas. Na busca de atender a legislação acabam literalmente copiando políticas de dados, procedimentos, normas e outras coisas das grandes empresas que são impraticáveis para uma pequena empresa.

Além de aspectos legais sobre essa prática, tem ainda o fato de ser uma realidade totalmente diferente entre esses dois mundos, uma grande empresa conta com uma equipe, um corpo jurídico e muitas outas coisas para o respaldo do que está escrito em suas políticas, quando o empreendedor copia isso, se coloca na mesma condição e, muitas vezes, isso não é praticável para ele. Para ajudar o empreendedor a entender melhor o que fazer, o Sebrae tem um artigo sobre isso.

9. Redes sociais

O consumidor hoje tem um comportamento omnichannel. Ou seja, trafega entre os diferentes canais da loja e espera ter a melhor experiência possível em todos eles. Estar presente nas redes sociais é muito importante para relacionamento e divulgação dos seus produtos.

Alguns cuidados nas redes sociais são importantes, como por exemplo não entrar em questões polêmicas ou até mesmo discutir com o cliente nas redes sociais. Outro cuidado é não postar toda hora e não invadir a privacidade das pessoas. Outro aspecto importante são as fotos que devem ser de boa qualidade e sem quantidade de texto excessiva. O ideal é no máximo 20%.

Resumindo o assunto para começar um e-commerce podemos descrever três passos:

Pesquisa: No INPI sobre o registro da marca, no Registro.br sobre a disponibilidade do domínio, nas redes sociais sobre a possibilidade de usar o mesmo nome em todas as redes escolhidas.

Estudo: do SEO que será utilizado, da plataforma a ser escolhida, dos meios de pagamento que serão utilizados, das integrações com transportadoras, etc

Profissional: Esse é o grande responsável de colocar em pratica todos os itens anteriores e ajustes necessários. Converso com os clientes desse profissional, peça para ver alguns trabalhos realizados e fique de olho no contrato.